quarta-feira, 28 de abril de 2010

Quo Vadis? visitou os Douro Boys

Abril de 2010
Nos dias 19 e 20 deste mês participei, tendo por companhia uma série de escanções e donos de restaurantes, num passeio pelo Douro vinhateiro, que nos levou às cinco Quintas dos Douro Boys, mais precisamente e por ordem de visita:
Quinta do Vale Meão, sita muito próximo do Pocinho, onde fomos muito bem recebidos, uma tónica dominante nestes dois dias, pelos dono e enólogo da casa, por sinal, pai e filho com o nome em comum, Francisco Olazabal, que apesar deste nome estranho são descendentes da famosa Ferreirinha que aliás construiu esta propriedade. Começámos com uma visita pela adega em fase de remodelação onde fizemos duas mini-verticais de Meandro (2006, 2007 e uma amostra de barrica de 2008) e de Vale Meão (2005, 2006 e 2007). De notar que este produtor só produz vinho tinto por achar que naquela zona seria muito difícil conseguir um vinho branco de referência. O 2006 nos Meandro e o 2007 nos Vale Meão levaram a palma aos demais. Para finalizar um vintage de 2008, que pela delicadeza e doçura apresentada me parece ser bom para beber enquanto novo. Ao almoço tivemos ainda a oportunidade de provar o Vale Meão 1999, que foi um dos vinhos que me empurrou para este mundo dos vinhos, nesta fase encontra-se menos atractivo e o 2000 que está muito bom, com complexidade e elegância digna de registo.
Quinta do Vallado, também um legado de D. Antónia Ferreira, na posse de primos de Francisco Olazabal, que por sinal é também aqui o enólogo responsável. Tem no entanto aqui a ajuda preciosa de Francisco Ferreira, agrónomo de formação e apaixonado por vinho por opção (será que temos opção nestas coisas?), que foi quem nos recebeu e guiou pela novíssima e muito bem conseguida adega. Começámos a prova de brancos com a já habitual provocação do Francisco dizndo alto e bom som que não gosto dos brancos deles. Mentira! Pelo menos agora é mentira, pois já houve um tempo em que de facto eles não me agradavam, mas agora têm um agradável, seco e original Moscatel Galego além do Reserva 2008 que tem uma bela acidez associada a uma boa integração da madeira dos cascos de carvalho. Parabéns pela evolução muito positiva conseguida. Nos tintos tivemos a habitual qualidade, este ano distinguida pela Wine Spectator com uns sempre impressionantes 96 pontos para o Reserva 2007 além de vários outros vinhos com mais de 90. Destaco o Sousão 2008 por ser aquele em que mais senti evolução em relação a edições anteriores e por ser uma casta um pouco desprezada, estamos a falar da casta que na região dos Vinhos Verdes se chama de Vinhão, mas que se apresentou como a menos ácida e adstringente de sempre.
Quinta do Crasto, pouco depois das 10h30 da manhã e já estávamos nos copos para fazer uma sempre educativa vertical de Reserva Vinhas Velhas, desta vez com cinco consecutivos (de 2004 a 2008) e uma gracinha de 1997 para comprovarmos a longevidade destes vinhos. Destaquei o 2006 e o 2007, com estilos bem diferentes mas igualmente agradáveis. O primeiro, mais elegante, o segundo, imponente. Já o disse por diversas vezes, adoro quase tudo o que estes senhores fazem e apenas nos brancos continuam a pecar, mas o 2009 já está, de facto, bem mais engraçado. De realçar o trabalho de engenharia genética com testes de ADN que estão a desenvolver na Vinha Maria Teresa, uma vinha muito velha e que tem já identificadas 33 castas diferentes, entre brancas e tintas, com o objectivo de haver uma perfeita reposição sempre que uma das cepas morrer para que o carácter desta vinha não se perca, algo que seria, para mim, verdadeiramente catastrófico, pois é normalmente o vinho desta vinha o que eu mais aprecio e ainda recentemente a versão de 2007 venceu o concurso da Essência do Vinho.
Quinta de Nápoles, para um almoço bem regado com os vinhos da Niepoort, onde fomos guiados pela mão do enólogo dos vinhos tranquilos, o Luís Seabra, que se encontra na casa desde 2004 e que fez um dos vinhos mais memoráveis que bebi até hoje, o Charme 2005. Desta vez houve muito charme na forma como nos receberam mas sem Charme, o que foi uma pena, mas houve Batuta e Vertente e Redoma nos tintos, mas o que me encantou foi o Redoma Reserva Branco 2009, que apesar de ser só uma amostra de barrica e não ser, por isso, o lote final, se mostrou a um nível que me pareceu ser mais alto que as colheitas anteriores.
Quinta do Vale Dona Maria, com o sempre bem-disposto e inimitável Cristiano van Zeller a fazer as honras da casa. Ainda é a mais modesta das cinco propriedades visitadas, mas o vinho não se mostra inibido por esse facto, antes pelo contrário, se gostam de vinhos robustos e com o famoso carácter do Douro, é por aqui que devem começar. O único senão foi o termos de provar, depois daquele almoço, nove (!!!) vinhos tintos, Casal de Loivos 2006, 2007 e 2008 a mostrarem acidez elevada e taninos adstringentes sugerindo uma boa evolução em garrafa; Qta do Vale D. Maria 2006, 2007 e 2008, este último ainda demasiado jovem, mas em contra partida, o 2006 já se mostra muito agradável para consumir com uma boa doçura, acidez bem notória e taninos já bem domesticados; CV (Curriculum Vitae) 2006, 2007 e 2008, com o primeiro a mostrar-se o mais elegante com uma componente vegetal que o torna muito interessante e o 2007 a mostrar-se o menos dócil e a pedir mais tempo em garrafa que o 2008 que já mostra uma elegância muito agradável.
Um bem-haja a todos estes gentlemen que tiveram o desprazer de nos aturar.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Eventos programados de Abril e Maio pela Galeria de Vinhos

Caros amigos,

Já na próxima quinta-feira iremos ter um jantar enogastronómico no Quo Vadis? em Matosinhos com vinhos brancos de Bordéus, que aliás me agradam mais que os tintos e com vinhos tintos do Douro produzidos pela família Roquete com a colaboração família Cazes. Coisa pouca se pensarmos que os primeiros são os donos da Quinta do Crasto no Douro e os segundos do Château Lynch-Bages em Bordéus. É preciso dizer mais alguma coisa acerca do que vos espera? Não creio.

Se no entanto, o menu que segue abaixo não vos for suficientemente atractivo podem sempre inscrever-se num dos próximos eventos promovidos pela Galeria:

22 de Abril - A cultura do vinho e seus mitos no Leitura Books & Living no Shopping Cidade do Porto às 21h00. (Gratuito)

3, 10 e 24 de Maio – Curso de Iniciação à Prova de Vinhos - Nível 1. (80,00€ por pessoa com um mínimo de 8 participantes)

11 de Maio – Jantar no Quo Vadis? com a presença na sala e na cozinha de Dirk van der Niepoort, que será responsável por dois dos pratos que irão ser servidos. Os vinhos e o menu será apresentado em cima da hora, mas se ainda não perceberam, estamos a falar do homem da Batuta que tem aquele Charme que muitos gostariam de ter quanto mais não fosse na Redoma. (60,00€ por pessoa)

19, 26 de Maio e 3 Junho – Curso Iniciação à Prova de Vinhos - Nível 2. (100,00€ por pessoa com um mínimo de 8 participantes)

Se mesmo assim não se sentirem tentados, assistam aos próximos episódios do Só Visto na RTP1 onde poderão ver uma versão reduzida e divertida dos cursos de vinho com a participação especial dos mui famosos e distintos Curral Moinenses, Quim Roscas & Zeca Estacionancio.

Enoteca e Cozinha Mediterrânica q.v.*

15Abr2010

5º JANTAR ENOGASTRONÓMICO NO QUO VADIS?

Entrada

Terrina de camarão e curgete com cebola cozida em sauté

Michel Lynch Sauvignon Blanc 2008 (Entre-Deux-Mers - Bordéus)

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Prato de peixe

Vieiras grelhadas em ervas com risotto de limão e tomate desidratado

Château Villa Bel Air 2007 Branco (Graves - Bordéus)

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Prato de carne primeiro

Magret de pato fumado; pirâmide de batata e tomilho, gomos de laranja e rúcula com vinagreta de laranja

Xisto 2005 (Douro - Portugal)

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Prato de carne segundo

Osso buco estufado com chalotas e cenoura em cesta de massa folhada

Roquette e Cazes 2006 (Douro - Portugal) NOVIDADE

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Sobremesa

Pudim de queijo da serra com doce de tomate

Porto Quinta do Crasto LBV 1995 Unfiltered

Preço: 40,00€

Hora: 20h30

*q.v.Quo Vadis