Com um grupo mais "curto" devido a ausências no feriado (ainda há quem faça pontes com a crise), estiveram presentes os amigos Alexandre Braga, respetiva Isabel e filho Miguel, o Luís Império e o André Antunes que veio de Braga.
O Chefe Tomé inventou um menu curioso, à partida sem excessos, claramente pendendo para os "brancos" e cuja realidade ultrapassou e muito as expectativas.
Foi um dos melhores menus que já tive o prazer de desfrutar no Quo Vadis.
E um dos melhores dos últimos tempos.
Assim foi:
A Polenta (à colher) com ragu de cogumelos estava boa.
Sempre difícil de "casar" a polenta com vinhos, optamos pelo Murganheira 04 (Luís Império) que estava fantástico. 5 estrelas para a elegância da bolha, fruta muito fresca (cítrica e marmelo ácido), algo floral, com notas ligeiras de frutos secos (alguma resina de pinho ??), floral qb, com acidez suficiente para o tornar gastronómico e longo. Excelente. Vale todos os cobres que se paga por ele. Ainda assim, uma quase unanimidade em colocá-lo no último lugar por comparação com o que veio a seguir.
Hamburger de atum fresco (cebolinho e erva limeira) com arroz branco. Excelente.
Como havia 3 brancos optamos aqui pela prova cega. A ordem de serviço foi:
Em primeiro o Andreza Grande Reverva 2010 - Douro (Arinto, viosinho, verdelho e rabigato com Batonage e fermentado em barricas novas)
Em segundo o Ossian 2006 - Tierra de Castilla y Léon - casta Verdejo. (Projecto Aalto de Javier Zaccagnini e do borgonhês Pierre Millemann. Em vinhas muito velhas, bio e estágio prolongado - 9 meses).
Em terceiro o Chateau Carbonnieux Blanc 2003 - Bordéus - Graves Pessac-Léognan.
Muita gente confundiu o primeiro branco com o terceiro.
Mérito do Andreza e demérito do Carbonnieux
O Andreza GR 2010 (Miguel Braga) estava magnifico. Acidez elevada integrada numa madeira belíssima. Muito elegante. Combina os cítricos (limão) com frutos mais quentes (banana e alperces). Final longo, amargo e seco por algum caracter vegetal. Mesmo muito bom. Segundo lugar nos brancos.
Esta discrição não indicaria um bordéus. Mas o dito cujo também não era típico.
Assim o Carbonnieux 2003 (Luís Maia) esteve à altura mas não foi o melhor (como seria de esperar). Madeira ligeira com acidez fantástica. Cítrico. Algo vegetal mas atípico para a Sauvignon Blanc. Sem espargos ou erva. A fruta também atípica. Mais banana do que outras frutas tropicais. Algum rebuçado doce aliado a alguma gordura na boca. Pareceu-me algo curto e cansado. Talvez marcado pelo ano de 2003 muito quente. Ficou com o último lugar dos brancos.
Brás de frango. O Chefe Tomé excedeu-se. Estava excecional.
A estrela (nos brancos) foi o Ossian 2006 (André Antunes). Acidez elevada. Muita madeira mas de excelente qualidade. Muito bem casada. Estruturado (gordo), marcado pelas frutas de caroço (pêssego), mas sempre com um caracter vegetal por traz. Excelente.
O tinto era manifestamente excessivo para o prato.
O Leda 2008 (Alexandre Braga) irá durar muitos anos e está fantástico. Nariz simplesmente monumental. Balsâmico, madeira adocicada, fruta vermelha e preta sempre muito fresca. Moca e limão. Algum chocolate. Uma boca com início rústico (vegetal), taninoso, já só com fruta preta mas fresquíssima, químico (tinta preta). Acidez fora de série. Numa palavra. Fantástico. Ganhou a noite.
Tarte de limão com raspa de lima (para mim o melhor da noite - simplicidade e excelência). Parabéns Tomé.
O vinho de sobremesa, um OT Velich trockenbeerenauslese 1999 - Burgenland, Áustria (Isabel Braga) ficou com dois terceiros e dois quintos lugares, feito de Welsch Riesling, não ligou com a sobremesa.
Pedido de socorro ao Chefe Tomé, foi respondido com um doce de cereja branca e pêssego que transformou a ligação de má em excepcional.
Nariz e boca muito cítrica (limão e raspa da laranja), Fruta de caroço (damascos e alperces maduros), Marmelo fresco e sua compota, gengibre, frutos secos (noz). Algum verniz. Acidez fora de série. Um mimo.
Conclusão: Ganhou o Sr. Alexandre, seguido do André. Difícil o terceiro lugar entre o OT e o Andreza (olha que bem).
Uma das melhores Ivy leagues. Quem não apareceu... perdeu.
Autor: Luís Maia