Vejamos então a lista de jogadores e respetivos selecionadores:
Loimer Käferberg Grüner Veltliner 2009 – Miguel Braga
Quinta do Ameal Loureiro 2010 – Jogador 1 do Pedro Araújo
Royal Palmeira Loureiro 2009 – Alexandre Braga
Colección Costeira Treixadura 2008 – Jogador 1 do André Antunes
Quinta das Bágeiras Bical 1994 Magnum – Luís Maia
Quinta do Ameal Escolha Loureiro 2009 – Jogador 2 do Pedro Araújo
Schloss Gobelsburg Heilingenstein Riesling 2009 – Hildérico Coutinho
Guru 2007 – Jogador 2 do André Antunes
Quinta do Ameal Loureiro 2003 – Jogador 3 do Pedro Araújo
Quinta de San Joanne 2000 – Orlando Costa
Marquês de Riscal Limousin 2008 – Luís Império
Além destes 11 jogadores brancos ainda houve dois vinhos extra concurso, que por serem tão diferentes optámos por nem sequer os classificar desta vez, um colheita tardia da Quinta do Ameal de Loureiro, evidentemente, e um tinto do Priorato, o Les Terrases 2009 do Alvaro Palacios, por causa de um menino mais sensível que, dizia ele, não iria conseguir aguentar tantos brancos sem que o estômago se queixasse. Receio infundado que, verdade seja dita, fez questão de admitir no dia seguinte assim como, apesar da formação de escanção, admitir que nada sabe disto. Pois seja muito bem-vindo amigo Sérgio Santos e junta-te aos que poderemos designar por minoria esclarecida, no sentido de sabermos que sabemos alguma coisa, mas sobretudo o sabermos que pouco sabemos sobre este imenso mundo do vinho e glória ao engenho humano que assim seja por o nosso prazer prolongar …
Se pensarmos no prazer que cada um dos vinhos individualmente proporcionou a cada um de nós, esta jornada poderia ser catalogada com aquela em que “concordo que discordo”, tal a diversidade de opiniões como irão já ver e foi também, por certo, aquela sessão que mais dificuldades nos criou na classificação dos vinhos tal o equilíbrio entre eles no que à qualidade diz respeito.
Foi bonito verificar que o Pedro detetou os seus vinhos, exceto o que estava adulterado e que ele tentou empurrar para a concorrência. Foi pena que o Ameal Escolha 2009 tivesse refermentado e apesar de eu não ter desgostado do vinho (dei-lhe o 6º lugar) ele acabou por ficar classificado em último lugar. Não deixou também de ser curioso ver que os dois Ameal “normais”, das colheitas 2003 e 2010, tivessem acabado em 6º lugar ex-áqueo e aqui já se podem ver as diferenças de gosto que nesta sessão estiveram patentes, pois para mim o melhor vinho da noite foi mesmo o Ameal 2010, que se apresentou como um Loureiro deve fazer, com expressividade aromática, com flores de sabugueiro e frutas brancas com uma acidez cristalina e muito agradável. Parabéns ao Pedro pela parte que me toca. Escusado seria dizer que o 2003 se encontra em bom plano, não apresentando por ora nenhum problema de oxidação negativa, como aliás já esperávamos.
A surpresa negativa da noite foi sem dúvida nenhuma o Guru 2007, que só não ficou em último pelo que aconteceu a esta garrafa do Ameal Escolha. Incrível a quantidade da madeira ainda presente num vinho com quase 5 anos, com a agravante de estar descasada da estrutura do vinho.
A surpresa pela positiva e que me surpreendeu totalmente quando ordenei os vinhos pela classificação foi o espanhol que o Império trouxe, que talvez por ter uma bela madeira, tão melhor que o Guru, nos levou a classifica-lo como o melhor vinho da noite, não sem que tenha havido vozes dissonantes, como por exemplo a do Alexandre que o classificou em último lugar! Este vinho, elaborado com 100% de Verdejo e que obteve uma medalha de ouro no Bacchus 2010, estagiou em barricas de carvalho Allier por 6 meses, sendo que 45% das barricas eram novas e as restantes de 2ª e 3ª ano. É notável que este vinho não se tenha apresentado completamente dominado pela madeira e certamente que o facto de as vinhas, plantadas em terras altas nas margens do douro, terem mais de 40 anos não será um factor despiciendo.
Por ter duas pessoas a elegerem-no como o vinho da noite, em 2º lugar e com a mesma pontuação do terceiro ficou o Bágeiras. É bonito ver um branco com dezoito anos com esta frescura e eu só não gostei muito dele por isso mesmo, demasiada frescura! Paradoxal? Nem tanto. O que lhe falta para me agradar são aquelas notas de evolução que lhe conferem doçura, nem que ela seja só por sugestão, mas este vinho tem ainda muita mineralidade e até parece que se está a lamber uma púcara de barro. Talvez daqui a dez ou vinte anos esteja como eu gosto.
O terceiro foi o Riesling, mas desta vez tenho quase a certeza de esta classificação só acontece pela especial predileção que este grupo tem pelos Rieslings, pois apesar de bom, este vinho austríaco, de um produtor que muito gosto, Schloss Gobelsburg, é demasiado soft, que o torna agradável sem dúvida, mas que o impede, na minha opinião, de ser um grande Riesling. Claro que o Alexandre não partilha de mesma opinião e classificou-o como o melhor da noite.
Em quarto lugar ficou o que eu pensava ser o Loureiro de 2003 do Ameal e afinal era um Loureiro sim, mas da concorrência, o Royal Palmeira, que eu não identifiquei por ter na memória um vinho bem mais vivo e expressivo do que o que mostrou. Essa suavidade e descrição foi, no entanto, muito apreciada pelo Miguel que lhe deu o primeiro lugar.
Em quinto ficou outro austríaco, desta vez da casta mais acarinhada neste país, a Grüner Veltliner. Conseguiu este resultado graças a quatro 2ºs lugares, mas ninguém o elegeu como o melhor da noite. Eu gostei do vinho e também fui um dos que o classificou em 2º lugar, mas esperava mais dele, pois o outro vinho deste produtor e que custa menos de metade está praticamente ao mesmo nível e daí as expectativas elevadas que depositava nele. As notas da pimenta branca estavam bem presentes e foi isso que permitiu que muitos de nós o identificássemos.
Em oitavo lugar ficou mais uma agradável surpresa, o San Joanne de 2000 e que o Orlando considerou como o melhor da noite. Suspeito, mas sem dúvida que se trata de um belo vinho e sem notas negativas de evolução. Este vinho da região dos vinhos verdes terá sido elaborado com Avesso, Alvarinho e Chardonnay e a justificação da longevidade está assim explicada e é também por isso que não pode ser considerado Vinho Verde e ter passado para a categoria seguinte, Regional Minho, mesmo estando já fora do Minho e nas fraldas do Douro. Coisas estranhas se passam naquela região vinícola…
Apesar do nono lugar e demonstrando o que disse no início acerca do equilíbrio ente quase todos os vinhos, também o Trajadura espanhol se mostrou em bom nível, porventura a demonstrar que também esta casta tem possibilidades de se mostrar a solo, mas isso terá de ficar para outras núpcias depois de provarmos uns quantos vinhos desta casta com igual ou superior qualidade.
Nos acertos coube-me a mim desta vez a vitória com 7 acertos, seguido por perto pelo Miguel, Alexandre, Orlando e Luís. Claramente o Sérgio tem de praticar mais e será sempre bem-vindo aqui a este grupo de hedonistas bem-dispostos. Para isso basta ser um dos que se inscrevem mal eu liberte essa possibilidade… e é agora!
Próxima jornada: Terça-feira, dia 3 de Abril para comemorar o nascimento do meu pai e de outro grande amigo, o Vitor Pinheiro. Terei pois de trazer vinho à altura da ocasião!
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