Billecart-Salmon Cuvée Elisabeth Salmon Brut Rosé 2000 (Champagne) – Jogador 1 do Alexandre Braga
Château-Fuissé Vieilles Vignes - Chardonnay - 2008 (Bourgogne) – Jogador 2 do Alexandre Braga
Eileen Hardy Chardonnay 2004 (Tasmania - Yarra Valley - Tumbarumba) – Orlando Costa
Protos Crianza 1994 (Ribera del Duero) – Luís Maia
Vega-Sicilia Unico 1989 (Ribera del Duero) – Miguel Braga
Marquesa de Cadaval 2003 (Ribatejo) – Hildérico Coutinho
Vinhas da Ira 2004 (Alentejo) – Isabel Braga
Château La Louvière 2000 (Bourdeaux) – Jorge Silva
Royal Tokaji Betsek 5 Puttonyos 1990 (Tokaji - Hungria) – Pedro Sousa
Estes foram os jogadores e os respectivos seleccionadores pela ordem em que foram servidos como documenta a foto.
O título desta crónica bem poderia ser “A Injustiça” como sugere o Pedro Sousa, mas creio que “Desilusão e queda de um ícone” se adequa melhor. Temo no entanto, que após a leitura destas linhas, alguns de vós digam, estes parolos, dar pérolas a … (vocês sabem o resto) é uma grande lástima e outros vão dizer que provar um vinho dessa magnitude em prova cega é um crime! Aceito a crítica e no entanto, os moldes como fomos construindo esta Ivy League, leva-me a rejeitar qualquer possível alteração do modus operandis.
É que apesar de tudo, é exactamente assim que se pode ver até que ponto os nomes influenciam a procura, que por sua vez inflaciona os preços e que por fim põe em sentido os críticos e enófilos de todo o mundo. De facto, o Veja Sicília Único, o topo de gama da casa, que provámos, tinha acabado de receber 100 pontos de um blogger português e era pois mais um ponto na elevada expectativa que este vinho mítico sempre desperta. Numa coisa todos concordamos com ele, o vinho, apesar dos seus 22 anos, ainda se apresenta muito jovem, não sabemos é se para mais vinte como ele afirma. Infelizmente ficou-se por aí a nossa concordância, já que foi dos vinhos menos apreciados da noite (8º lugar) só superado nesse infeliz galardão, pelo vinho que apresentei e muito provavelmente apenas por apresentar aromas a suor de cavalo. No entanto, um outro aspecto positivo tem de se lhe reconhecer. É aliás, uma das maiores qualidades que eu posso encontrar num vinho, a personalidade camaleónica. Contudo, fruto do ataque inicial do vinho, nem todos tiveram a oportunidade de ver essa característica, pois pura e simplesmente deitaram-no fora! Eu não cometi esse erro e tive a oportunidade de o ver transfigurar-se para muito melhor, mas ainda assim, abaixo de quase todos os outros em prova. Precisaria me muito mais tempo? Talvez, mas quem pensaria fazer uma decantação de horas a um vinho com esta idade?
Desilusão e queda de um ícone como em queda parece estar a família que detém esta propriedade envolvidos que estão, numa guerra fratricida! Felizmente, nestas provas costuma haver quem, com estas quedas, tenha a oportunidade de voar para níveis que porventura julgaria impossível de fazer. Foi o caso desta vez, do vinho tinto mais barato da prova, mas ainda assim o melhor deste produtor, aliás um senhor com S muito grande e cheio de histórias de encantar, como a sua personalidade. Falo de Henrique Uva, um produtor numa das regiões mais quentes do Alentejo, Beja, que com a ajuda do portuense Pedro Hipólito consegue fazer vinhos bem mais frescos do que a grande maioria dos vinhos da região. Este Vinhas da Ira de 2004, nome lindo a evocar um grande livro, elaborado exclusivamente com a casta Alicante Bouschet (erro indicado e bem pela Olga pois o vinho é elaborado com uva do Talhão 25, maioritariamente da casta Alfrocheiro, que felizmente também gosto muito e por isso o resto da frase quase se podia manter ...) demonstrando aqui o porquê de ser a minha preferida no Alentejo, apresentou-se a um nível tão elevado que todos pensavam tratar-se do Único. Apresentou-se fresco e poderoso, elegante e complexo, impactante e sedutor. Numa palavra: delicioso. Ficou, como seria de esperar pelas minhas palavras, em 1º lugar, sendo o preferido de cinco dos comensais.
Falava atrás, do vinho que apresentei e que ficou em último lugar pelos motivos apresentados, foi mais uma desilusão. A Marquesa e a Revista de Vinhos deixaram-me ficar mal, é que este vinho tinha tido um dos prémios de excelência que anualmente esta revista distribui a uns poucos eleitos, vá-se lá saber o porquê deste!
Não sei se por alguma, duvidosa, evolução do palato, se por deficiência, de facto, do vinho de sobremesa apresentado, a verdade é que mais uma vez, não foi um vinho doce a ganhar e este por sinal até ficou num lugar mauzinho para um vinho deste género, 6º lugar. Bela acidez mas pouca untuosidade e doçura para tal intensidade. Desequilibrado e foi mesmo considerado o pior vinho da noite pelo Alexandre.
O Jorge bem tenta converter-nos a Bordéus, mas adivinha-se tarefa inglória, pior ainda quando trás um desclassificado para essa tarefa. Ficou em 7º lugar sendo apreciado apenas por uma pessoa, o Luís Maia que lhe deu o segundo lugar.
Acabemos os tintos com um dos melhores da noite e que eu pensaria ser o que maior probabilidade tinha de ter suor de cavalo, afinal foi o primeiro tinto a ser servido por ser o mais suave, mas também muito equilibrado, com aromas a especiarias, a terra e cogumelos. O seu 3º lugar diz tudo acerca do quão apreciado foi e o Jorge bem pode deixar de apostar em Bordéus e passar a apostar em Ribera del Duero, já que foi o vinho de que mais gostou.
Finalmente um champanhe daqueles que lamentamos não ser double magnum. Uma delícia de champanhe este rosé da Billecart, que foi criado em homenagem a Elisabeth Salmon, esposa de Nicholas Francois Billecart, os fundadores desta casa em 1818. Aromas deliciosos a frutos vermelhos com manteigas e fermentos a complexarem o nariz e a mousse, na boca, extinguindo-se suave e lentamente. 4º lugar.
E por último, os dois Chardonnay, um do “Novo Mundo”, da Tasmânia, a zona mais fria da Austrália, e outro do “Velho Mundo”, de Mâconnais, a região menos conceituada da Borgonha em termos de brancos, mas da sua melhor sub-região, Pouilly-Fuissé, que produz apenas brancos, onde o conceito de Premier Cru não existe, mas onde se diz que os melhores costumam vir das vinhas à volta de Fuissé. Escusado será dizer de onde vem este Château-Fuissé com o extra de as uvas virem de vinhas velhas, com mais de 30 anos e a maioria já a rondar os cem anos, e de o vinho fermentar em barricas de carvalho em contacto com as suas películas, que lhe dá uma maior untuosidade e expressividade. Estagia depois em barricas de carvalho francês por um ano antes de ser engarrafado. A qualidade da madeira é notável e facilmente identificável no nariz que associado a fruta branca madura e uma mineralidade sadia, quero com isto dizer, não metálica, é encantador. A boca não o é menos e onde a única nota negativa é a juventude deste vinho. 2º lugar geral sendo no entanto o preferido para a Isabel e para o Orlando.
Apesar de haver quem dissesse que o Eileen Hardy poderia ser facilmente confundido com um vinho da Borgonha, a verdade é que só uma pessoa se enganou e, talvez por ter sido servido depois do francês, a mim não me parecia ser passível de enganos. Aliás, havia um aroma, muito associado aos países mais quentes, a azeitona, que nesta prova, ao contrário de outras vezes, me incomodou. O 5º lugar deve-se exactamente a esse aroma e sabor incomodar alguns de nós.
Uma nota final de parabéns ao Pedro e à Isabel que foram os mais acertados, com 5 acertos em 7 e ao Chefe Rui Tomé que está a substituir o João Mota com dedicação e qualidade similar, pois o jantar esteve muito bem conseguido com destaque, pela minha parte, para os lombinhos de porco, onde tudo estava bem e combinaram na perfeição.
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Triângulo folhado de salmão e queijo brie com redução de laranja
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Lombinho de porco com castanhas e batatas assadas, esparregado de grelos
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Cordeiro assado com arroz de açafrão e enchidos
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Fondant de leite
Data: 16 de Novembro de 2011
Hora: 20h00
Preço: 30,00€
Próxima jornada: 29 de Novembro de 2011 à hora do costume no sítio do costume.