Segue, como habitualmente, a lista dos jogadores e respectivo seleccionador, desta vez com um jogador a menos por uma falta de última hora e seguindo a ordem da foto, da esquerda para a direita:
Gosset Grande Reserve NV (Champagne) – Jogador 1 do Alexandre Braga (6º lugar)
Bohrmann Meursault “Meix Chavaux” 2008 (Borgonha) – Jogador 2 do Alexandre Braga (3º)
Ballot Millot Meursault Genevrieres 1er Cru (Borgonha) – Isabel Braga (2º)
Domaine de Beaurenard 2005 (Chateauneuf du Pape) – Orlando Costa (7º)
Viña al lado de la casa 2005 (Yecla) – Pedro Sousa (5º)
Gouvyas Cuvée OP 2000 (Douro) – Hildérico Coutinho (4º)
Michele Chiarlo Barbera d’Asti 1997 (Piemonte) – Luís Pedro Maia (8º)
Château Climens 1er Cru 1976 (Sauternes-Barsac) – Miguel Braga (1º)
Que serviram e bem para acompanhar o menu seguinte:
ENTRADA
Canelone de moiro, queijo feta e abacaxi
PRATO DE PEIXE
Filete de cavala grelhada com funcho e molho romesco de laranja
PRATO DE CARNE
Lombinhos de porco preto com esponja de pistácio e batata frita às rodelas em azeite
SOBREMESA
Espuma de manga, iogurte e framboesa
Preço: 30,00€
Hora:20h00
Data: 2 de Novembro de 2011
O título para esta jornada da Ivy League sugerido e bem pelo Pedro Sousa poderia ser: A Troca.
É curiosamente o título de um livro de um autor de que gosto muito, David Lodge que recomendo vivamente, e tal como no livro originou confusão, mas neste caso, garante o Paulo, que nos serviu e que foi quem escolheu a ordem de serviço é mais uma pretensa troca…, mas deixem-me tentar explicar:
Tal como das outras vezes, os vinhos foram servidos às cegas, sabendo nós quais os vinhos que estavam em jogo mas sem saber a ordem pela qual eles estavam a ser servidos. Acontece que desta vez, ao arrepio das regras do jogo, o Sr. Luís Pedro Maia resolveu provar o seu vinho antes do tempo e nem as suas boas intenções o desculpam (de que aliás está o inferno cheio), apesar de serem de facto boas, pois ele apenas se quis certificar que o vinho se encontrava em boas condições, tendo trazido um segundo para o substituir caso isso não acontecesse.
O problema foi que a seguir ele não o reconheceu e a confusão instalou-se porque todos esperavam uma maior acidez no vinho italiano do que no vinho duriense. Isto apesar de ninguém conhecer suficientemente a casta barbera e menos muito a que vem de Asti. Pela minha parte, resolvi ter uma atitude mais racional e falhei, pois também eu fui pela acidez em vez de ir pela cor do vinho, que o italiano tinha mais evoluída como se esperava aliás. No entanto ao estudar a casta ainda mais isto se complica, pois esta casta é utilizada para dar cor a alguns nebbiolo e é caracterizada por uma enorme acidez, mais evidente ainda nos vinhos mais baratos que esta casta proporciona em grande escala. Não é certamente o caso deste vinho mas cujo contra rótulo aconselhava a ser bebido 3 ou 4 anos após a colheita! E esta hem?
Continuando nos tintos, o Gouvyas, que foi loteado pelo Olivier Poussier e vencedor do concurso para melhor somellier do mundo em 2000, apresentava de facto uma acidez surpreendentemente intensa com aromas terciários bem agradáveis como o tabaco, terra ou cogumelos. Para o meu gosto era no entanto um pouco desequilibrado e apesar de a maioria ter preferido este eu preferi a suavidade e equilíbrio do vinho de Yecla, uma região quente de Espanha pouco considerada, onde em colaboração com as Bodegas Castaño o mediático Quim Vila, um dos gurus do vinho em Espanha, resolveu produzir este vinho contra a corrente usando as castas Monastrell, Cabernet Sauvignon, Syrah e Garnacha Tinturera (a “nossa” Alicante Bouschet).
Mas como poderão ver pela classificação final dos vinhos, esta foi uma noite de brancos, com o que veio da casa nova do papa a mostrar-se já demasiado evoluído, com aromas ferrosos a chatearem a prova, mas com dois belíssimos Borgonhas da região de Meursault a mostrarem o porquê de serem tão elogiados, com o Bohrmann a apresentar-se mais equilibrado e com uma madeira mais suave, mas também com uma mineralidade mais metálica a lembrar vagamente os Chablis. Foi no entanto o 1er Cru a puxar pelos galões e a levar a palma com uma madeira mais tostada mas de grande qualidade e com um final de boca a apresentar-se profundo e persistente quanto baste.
Ia já a embalar para o grande final e quase me esquecia de falar do champanhe, como é possível? Bom, creio que é possível quando o champanhe apesar de bom e de vir da que se diz ser a mais antiga casa de Champagne, não é assim tão genial e por o final ter tido um dos melhores vinhos deste género que já bebi. Um branco de 1976 e que apesar de apresentar uns respeitáveis 35 anos originou o comentário diversas vezes repetido ao longo da prova: “Que novo que está!” Creio que o motivo dessa afirmação se prende com a falta de untuosidade do vinho, mas por outro lado ele apresentou-se tão intenso e tão cheio de aromas diversos, do mel às flores, da fruta doce e seca com caroço aos citrinos confitados e o aroma da Botrytis, enfim um manancial de complexidade e sabor que nos deixou siderados nas cadeiras. Parabéns Miguel pelo vinho e parabéns Miguel por teres sobrevivido mais um ano neste país cada vez mais aterrador! Uma palavra final para o produtor deste vinho, o Château Climens, um dos 11 Premier Crus de Sauternes e Barsac, estando este produtor na região de Barsac. Acima destes 11 só foi classificado em 1855 o ultra famoso Château d’Yquem.