sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Ivy League - O Dia XX - A Crónica



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Mini Calzone de fígados de bacalhau fumado e escabeche de legumes

Brás de batata e cogumelos com filete de robalo

Risotto de ervilhas e milho com vitela arouquesa (DOP) na grelha

Crumble de maçã com mel e molho inglês

Eis os jogadores e respectivos seleccionadores da última jornada e desta vez, quase me atrevia a dizer que só o Rui merecia estar presente, tal a diferença de qualidade do seu vinho para os demais.

Solar de Merufe Grande Reserva Extra Seco 2003 – Hildérico Coutinho

Santenay Grande Maison Prosper Maufoux 2009 – Alexandre Braga

Quinta da Pellada Primus 2009 – Pedro Sousa

Bucellas & Collares 2007 – Isabel Braga

Coma Vella 2003 – Orlando Costa

Duas Quintas Reserva 2001 – Jorge Silva

Schloss Lieser Thomas Haag Riesling Spätlese 2008 – Miguel Braga

Krohn Colheita 1960 – Rui Freitas

Pois é, voltaram os Portos de altíssimo nível, ou melhor apenas e infelizmente só um e só uma garrafa, mas de uma qualidade absolutamente ímpar. Este era um daqueles Colheitas que explicam o fascínio que os amantes de tawnies têm por eles. Alerto, mais uma vez, a todos os que compram Colheitas, a terem o cuidado de ver a data de engarrafamento, pois isso faz toda a diferença. Este foi engarrafado em 2004, o que significa que estagiou 44 anos em barrica, tendo evoluído, muito mais lentamente em garrafa nos últimos 8 anos. Perceberão, certamente, que seria muito diferente se tivesse estagiado 8 anos em barricas e 44 em garrafa, algo que até pode acontecer e é até bastante comum com esta casa em particular. Poderíamos até estar na presença, igualmente, de um belíssimo vinho, agora não teria a doçura e corpo que este apresentou. Disso, estou quase certo, porque certezas aqui eu nunca tenho. Contudo e apesar, sou capaz de apostar que estaríamos na presença de um vinho com vinagrinho e muito mais delgado e com a acidez a ser bem mais agressiva. Não que este não tivesse uma acidez alta, porque tinha, mas ela estava envolvida em doçura que a acidez ajudava a prolongar e com isso aumentava o nosso prazer. Primeiro lugar por unanimidade e aclamação com o nosso obrigado ao campeão, Rui Freitas, de seu nome.

Continuando então desta vez pela ordem de preferência, segue-se o Primus, que se apresenta como sendo o melhor branco da Quinta da Pellada do Senhor Álvaro de Castro, um dos mais inovadores, inquietos e respeitados produtores do Dão. Este segundo lugar ficou a dever-se e muito, na minha opinião, à estranheza que provoca quando se mete à boca este vinho que no nariz promete coisas suaves e doces. Puro engano! É mineral até dizer já chega, de tal maneira que quase podemos dizer que é um pouco amargo e foi isso que eu, pessoalmente penalizei. De qualquer modo o painel está de parabéns, pois este vinho acabou de receber 94 pontos da Wine Advocat do ultra famoso Robert Parker.

Em terceiro ficou o Riesling, vindo de Mosel, aquela que se tem mostrado como a região mais apetecível para mim e a mostrar, mais uma vez, o quanto este grupo os aprecia.

No quarto lugar, o primeiro dos dois tintos servidos. Ganhou o espanhol para surpresa de alguns, pois apesar de vir de uma região famosa, o Priorato, tinha como adversário, um dos ícones do Douro, o Duas Quintas Reserva. Sem apelo nem agravo como verão.

Aparece em quinto lugar um vinho que foi, pareceu-me, penalizado pela sua juventude, já que eu fui dos poucos a dar-lhe uma boa pontuação e apenas porque esperei a sua evolução no copo e onde se foi mostrando cada vez mais interessante e redondo, isto mesmo com o aumento gradual da temperatura. Falo, se ainda não perceberam, do branco da Borgonha, o Santenay.

Na posição seguinte vem o vinho que eu quis dar a conhecer aos meus companheiros de tertúlias, como também a vós, que com pachorra me ides lendo. Trata-se de um espumante que conheci há pouco tempo e que foi elaborado da forma que eu ando, faz tempo, a pedir aos produtores para fazer. É ainda por cima, um dos melhores que já provei usando esta técnica, que é dispendiosa para os produtores, eu sei, mas cujos resultados podem ser absolutamente ímpares. Que técnica é essa? Simples, basta deixar o vinho na garrafa a evoluir em contacto com as leveduras por muitos anos em vez de apenas alguns meses como faz a maioria. Este esteve mais de oito anos e apresenta por isso os aromas melados habituais, mas apresenta também uns deliciosos aromas e sabores a damasco seco e mesmo, com alguma imaginação, ao pêssego/alperce seco. Melhor ainda, é ser elaborado com aquela casta que me tem encantado na região, o Loureiro e só foi pena ter perdido alguma força, e creio que isso não é obrigatório acontecer, mas ainda assim um belo espumante que consegue uma classificação honrosa neste painel. Memorizem e experimentem: Solar de Merufe Grande Reserva 2003.

Em sétimo aparece aquele que foi, para mim, o pior vinho da prova e alegadamente é um vinho especial elaborado com uvas provenientes de regiões distintas, apesar de vizinhas, e com duas castas distintas, o Arinto de Bucelas e a Malvasia de Colares. É teoricamente um vinho para beber daqui a muitos anos, pois ambos têm fama de evoluir bem ao longo dos anos. A minha percepção, que pode obviamente estar errada, é exactamente a oposta. Achei o vinho cansado, com os sabores metálicos que me desagradam nos brancos velhos.

Em último lugar ficou o vinho do Sr. JORGE SILVA, um vinho que teria algumas pretensões e que o seleccionador teria provado e aprovado muito recentemente. Lamentamos tê-lo desiludido…

A próxima jornada está agendada para 3ª-feira, dia 24 de Janeiro e estão abertas as inscrições.

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